terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Resenha de Cloverfield - Monstro

CLOVERFIELD - MONSTRO

Uma Montanha Russa de 85 minutos





Cineasta J.J. Abrams continua sua escalada com o objetivo de se tornar um novo Spielberg. Apesar de estar anos luz do criador do ET, entre outras obras-primas, ele já provou ter fôlego com o filme Missão Impossível 3 e os seriados Alias e Lost. Seu novo fenômeno é Cloverfield – Monstro (Cloverfield, 2008). A produção custou 25 milhões de dólares e faturou o triplo só nos EUA em apenas três semanas de exibição. Pelo mundo já fez 40 milhões de dólares e ainda falta estrear em diversas praças. Apesar de exercer o cargo de produtor da película, percebe-se o seu toque de Midas no longa. Abrams convidou seus habituais colaboradores de Lost, Alias e Felicity, entre outras produções, para tocar o projeto.

Na trama, uma câmera foi encontrada pelo exército norte-americano após a destruição de Manhattan, na cidade de Nova York. Na fita encontramos o registro das preparações e da festa de despedida de Rob (Michael Sthal-David), um jovem as vésperas de ir morar no Japão. Conforme a projeção avança, descobrimos algumas características dos convidados da festa, como também seus conflitos e dilemas. Nada muito profundo. Simplesmente o bastante para se entender as motivações de seus atos nas cenas seguintes.

Durante a festa um solavanco abala a estrutura do prédio. O grupo faz silêncio para ouvir as notícias da televisão sobre um terremoto, e então corre para o terraço para avaliar o estrago na cidade. O que eles vêem é uma bola de fogo explodindo no horizonte distante, seguida por uma queda de luz. E a confusão acaba se transformando em pânico quando os convidados chegam até a rua. Em meio a gritos, um rugido não-humano.

Essa sinopse é uma desculpa para resgatar o velho gênero de monstrengos enormes destruindo uma cidade. O filme dirigido por Matt Reeves é uma espécie de Godzilla dos novos tempos. O diferencial reside na narrativa toda concebida por uma única câmera nas mãos dos personagens. Impossível não criar um paralelo com a Bruxa de Blair, porém com um resultado bem superior.

O roteiro escrito por Drew Goddard é raso como um pires. Ele não está preocupado em desenvolver personagens ou tramas que pudessem enriquecer o projeto. São escolhas canhestras que acabam funcionando com perfeição. O objetivo aqui é transportar o espectador para o meio da ação. O público embarca em uma montanha russa de adrenalina e suspense.

A própria estrutura do filme funciona como uma enorme montanha russa. A primeira parte, quando somos apresentados aos personagens, equivale a aqueles momentos em que o carrinho está subindo e se preparando para uma longa descida. O espectador está seguro, mas sabe que algo vai acontecer. É o inicio de um pequeno friozinho na barriga. Quando o monstro começa sua investida na cidade é o tal momento da descida. A cada nova seqüência de ação, equivale a uma curva dentro do brinquedo. O público que se deixar levar por essa sensação, vai experimentar todos esses estágios com estivesse em uma longa montanha russa de 85 minutos de duração. Recomenda-se desligar o cérebro para aproveitar cada estágio da viagem.

Vale lembrar que os suscetíveis a enjôo devem se preparar para a experiência. Foram divulgados em diversos veículos norte-americanos que dezenas de espectadores passaram mal durante a projeção. Mesmo sendo um filme pipoca com refrigerante, é melhor não abusar nas guloseimas.

Quem espera explicações vai sair frustrado. De onde vem o monstro, o que ele quer, se tem outros e como pode ser destruído é o que menos interessa. Ironicamente, diretor Matt Reeves brinca propositalmente com essas perguntas através dos personagens. Impossível não dar umas gargalhadas. Porém, uma coisa ficou claro a respeito do monstro. Abrams seguiu direitinho a regra criada por Spielberg em Tubarão: quanto menos mostrar a criatura, maior a sensação de pânico. Tomara que ele aprenda outras sacadas do mestre.
Por: Mario "Fanaticc" Abbade
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Veja aqui o trailer

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