terça-feira, 20 de outubro de 2009

Um Dia de Psicoteste – Marcone Negreiros

Psicoteste, 05 de Agosto de 2008

Ontem fiz o psicoteste para a Petrobras, que me privou de inesquecíveis experiências em Pipa. Por isso, fiz o máximo de anotações mentais possíveis pra repassar pra vocês.

O exame psicológico foi marcado para as 8h da manhã, numa escola estadual perto do Corpo de Bombeiros. Pelo que entendi, eu seria o único avaliado nesse dia. Cheguei uns 15 minutos antes, e notei uma lista de presença. Além de mim, havia um cara que passou pra Geofísico e o resto engenheiro de petróleo.

Entro dando bom dia para a psicóloga e dois outros candidatos. Fico tentando fazer contato ocular pra puxar assunto com alguém, mas estão todos evitando, concentrados nos cartazes fixados nas paredes. Era um sinal do que estava por vir. Após chegar mais gente e não haver mais onde se sentar, a psicóloga convida todos a entrarem na sala de aula.

Isso eu doido pra puxar assunto com os futuros moradores de Salvador, mas com vergonha por estar todo mundo calado. Além de mim, havia um playboy total, um gordinho extrovertido tipo batatinha, um barba ruiva. Os demais todos tinham estampados na cara: “Fiz engenharia”. Tirando o playboy, que poderia muito bem ser aluno de qualquer instituição de ensino superior privada, todos tinham seu quê de nerd. Uns mais que os outros. Adianto que “nerd” é um termo que vocês vão ver muito deste ponto em diante.

Dei o kickoff na conversa perguntando se eles tinham passado pra eng. de petróleo. Daí começamos a conversar sobre os muitos exames médicos e principalmente a audiometria. Dois deles disseram que haviam sofrido perda auditiva, porque tocavam. O gordo potato disse que no dia anterior havia matado um besouro com um grito no pé do ouvido do mesmo. Temos um favorito para a eliminação nesse teste. Diga aí o cara sem nada pra fazer, vê um besouro e vai lá gritar perto dele pra ver se o bicho morre? Lamentei que Daniel, Adriano ou Adirson Cachorrão não estivessem lá pra contar uma mentira ainda mais estapafúrdia.

Parêntese pra comentar que “Cachorrão” é um apelido que escrito fica mais engraçado.

A psicóloga comenta que essa é a turma mais quietinha e comportada que ela já pegou. Vots. Descubro pela conversa e pela chamada da psicóloga que vários dos aprovados ainda não colaram grau. Uns vão se formar a tempo, outros não tiveram tanta sorte. Na verdade, teve gente do início do curso que foi fazer a prova e acabou passando, inclusive um boy de 19 anos. Essa prova pra eng. de petróleo caiu muita matemática e física, então eles ainda estavam quentes. E devem ser nerds.

Às 8h20 finalmente começamos os exames. A primeira parte era simples. Três figuras seguindo um padrão, e você tinha que deduzir qual seria a quarta da sequência. Foram quatro baterias desse tipo, com 13 questões em média. O tempo era limitado, e a recomendação era a de não pensar muito porque o tempo (que só a psicóloga sabia) era bem curto.

O cara fazia as três primeiras tranqüilo, a partir da sexta já tinha que pensar e num instante o tempo expirava. Como todos ali – inclusive o playboy - eram chegados nesses lances de lógica, e ninguém conseguia chegar até o final das questões, a conclusão foi que quem acertasse todas seria reprovado.

Teve também uma avaliação de atenção concentrada, igual a uma que a gente já tinha feito na AmBev. Tranquilo.

A terceira parte era a dos tradicionais desenhos. Tínhamos que desenhar uma casa, depois uma árvore e depois uma pessoa. Um desenho por folha. Ela disse que avaliaria nossa personalidade pelas características do desenho. Já tinha ouvido falar algo a respeito. Bem capaz de ser pertinente mesmo. Notei que tanto nesse desenho como à tarde, numa dinâmica da pastoral, minha casa ficou pequena. Deve ter algo a ver com minha timidez. Ou com o tamanho do meu pau.

A parte dos desenhos foi beleza, bem descontraída. O que complicou foi que depois ela deu um questionário com perguntas sobre cada desenho.

  - De que a casa é feita? Quem mora na casa? De que a casa precisa? O que você estava pensando quando desenhou esta casa?

- Que tipo de árvore é essa? Onde ela está localizada? Quantos anos ela tem? A árvore está viva? Justifique.

- A pessoa é homem ou mulher? Quantos anos a pessoa tem? Quem é essa pessoa? No que ela está pensando? Ela é feliz?

Assim como a gente acha absurdo o Holocausto judeu, as gerações futuras vão nos considerar muito abestalhados por causa desse tipo de exame psicológico.

Um dos candidatos (chamado Marcondes) pergunta se na primeira pergunta é pra especificar os materiais usados na construção da casa. A psicóloga dá de ombros, e todos os outros concordam que sim, é o material. A psicóloga discorda. Imagino que os alunos de Letras poderiam responder que a casa é feita de um sonho por um futuro melhor e que os de História diriam que a casa é feita da exploração predatória do trabalhador da indústria de construção civil pelo capital e pela especulação imobiliária.

Finalizada a lombra acerca dos desenhos, a psicóloga pede que organizemos as cadeiras num círculo e nos apresentemos. O de sempre: nome, idade, curso, no que já trabalhou, o que gosta de fazer nas horas vagas, três aspectos positivos de sua personalidade e três aspectos a serem trabalhados.

O gordo potato (Gabriel) era professor de química no CDF. Por isso gostava tanto de falar (além de ser gordo). 26 anos, gosta ir pro Frasqueirão, de ver filme e sair com a namorada pra comer. Fui o único a sorrir com a ambigüidade. Das características negativas, ele disse que era amarrado. A psicóloga, paulistana, não entendeu.

Marcondes, 22 anos e formando em engenharia elétrica, se empolgou em ver um colega abecedista. Disse que também gostava de ir pro estádio e jogar um RPGzinho, mas nem pra isso tem tido tempo por causa da correria nos estudos. Deliro com a espontaneidade com que ele fala sobre jogar RPG. Em suas características, acabo me identificando com pelo menos metade. Quando diz que é órfão de mãe, o clima fica pesado.

Um lá que parecia bem legal e eu não lembro o nome (só o curso: engcomp) diz que gosta de futebol e formula 1, e que precisa trabalhar sua falta de humildade. A psicóloga tenta expressar melhor: “Não seria excesso de autoconfiança?”. Ele: “Não, falta de humildade mesmo”. Sim, ele também gosta muito de música. “Aliás, de metal! Metal é a minha paixão!”. Uma característica positiva citada foi a de que ele é muito respeitador na convivência com os outros. A psicóloga pede pra ele explicar. Ele diz que gosta de brincar, mas com respeito, porque ele ficava puto quando os caras tiravam onda no colégio com o cabelo grande dele. No final, ele reconhece que parecia mesmo uma mulher.

Preciso dizer que neste momento lamentei muito não ter ninguém da galera na hora pra se greiar comigo.

O colega ao lado dele se formou em engenharia civil, assim que terminou foi fazer matemática e estava cursando um mestrado em estatística. De alguma forma ele ainda encontrou tempo pra se formar em Música. Entre as características negativas ele citou a falta de foco, pois ainda não sabia o que queria e estava torcendo pra encontrar uma luz nessa nova fase da carreira. Imagino esse cara puto estressado numa perfuração de um poço, resolvendo largar tudo e seguir mesmo a carreira de músico porque engenharia não tá com nada.

O playboy total, sentado ao meu lado, é noivo e vai se casar daqui a um mês. Formado em engenharia de materiais, é engenheiro da Potigás junto com Thiago André. Disse que gostava de formula 1 e futebol, mas só acompanhava o clube do coração quando o time estava bem, o que não era o caso nos últimos tempos. Ele não disse qual era o time, mas por ele ser playboy e pela descrição de seu perfil como torcedor, entendi logo que é o Mecão. Disse que gosta de “fazer coisas de casal”. Também dou valor. Muito gente boa o cara.

Sim, continuava a tendência de eu me identificar pesado com as características da galera. Tirando o gordo, todos se disseram tímidos ou fechados. Muitos falavam sobre gostar de ouvir e ajudar os amigos, serem equilibrados e sensatos, respeitar o espaço alheio, sofrerem de ansiedade antes de momentos decisivos, entre outras coisas. Fica evidente que o grupo é bem homogêneo em termos de perfil psicológico.

O barba ruiva, mais velho do grupo com 31 anos e casado há 6 meses, tinha até doutorado no exterior. Gosta de programas tranqüilos. Parecia bem gente boa também, mas finalizou sua participação dizendo que por não gostar de futebol e de festas, sua vida social era uma droga. As palavras exatas em tom melancólico e olhando para o chão foram: “Minha vida social é uma droga”. Tristeza no ar. Parecia que ele tinha dito que era órfão de mãe.

O último a falar era obviamente o mais nerd de todos. Aquele cara de camisa pólo toda abotoada, cujo pai dono de um carrão foi deixar na escola estadual e ficou esperando até o final do teste. Tímido ao extremo, teve todo o tempo do mundo pra pensar nos pontos positivos e negativos, mas ou não conseguiu pensar em nenhum ou estava literalmente passando mal com vergonha de falar. Por um momento achei que ele fosse começar a chorar. Após um demorado silêncio com todos os olhos da sala atentos ao cara, a psicóloga foi piedosa e tirou as próprias conclusões.

Seguimos então para a outra parte da avaliação psico-social...

Desde os tempos de faculdade, participei de muitos processos de seleção pra estágio e emprego em companhias privadas. Nos três em que fui selecionado, não houve dinâmica de grupo. Em todos os outros, sempre durante a dinâmica de grupo, o seguinte pensamento passava pela minha cabeça: “Eu não nasci pra isso, eu vou é estudar, passar num concurso e nunca mais fazer uma dinâmica na minha vida”.

Ontem, claro, houve dinâmica de grupo. Como não éramos concorrentes e todos se pareciam muito, o objetivo era não fazer uma merda muito grande, tipo um picalelê para a psicóloga. Assim sendo, eu estava tranqüilo que ia me garantir.

* * *

Pausa para um flashback:

(Galera no estádio)

Torcida cantando: Qual a diferença entre a Máfia e a Gang? A Máfia dá o cu e a Gang se garante....

Marreco: O cara se garantir em não dar o cu é massa...

* * *

Primeiro ela nos deu um estudo de caso de uma empresa que passava por problemas, e individualmente teríamos que propor soluções e estabelecer uma ordem de prioridade para as mesmas.

Em seguida psicóloga dividiu a galera em dois grupos. O lado A éramos eu, Marcondes, o playboy, o músico e o humilde. O outro era Potato, barba ruiva, o segundo maior nerd e o mais nerd de todos.

Cada grupo discutiria entre si as soluções e montaria uma proposta coletiva. Havia discordâncias mas fluiu tudo bem tranquilamente. Talvez por ser a primeira dinâmica na minha vida em que ninguém queria aparecer, todo mundo estava bem à vontade e o grupo trabalhou de forma muito harmoniosa.

Achei que fôssemos debater entre grupos, mas a psicóloga recolheu nossos papéis e deu início a mais uma dinâmica. Ela leu uma historinha mais ou menos assim: “Você está chegando em casa e na frente da sua casa há uma multidão e muitas viaturas. Uma quadrilha especializada em arrombamentos e estupros foi pega em flagrante, e um dos bandidos foi morto na ação policial. A população quer linchar os demais bandidos”. Um grupo teria que defender a idéia do linchamento e o outro teria que argumentar a favor de levar os bandidos para a delegacia e seguir os trâmites legais adequados. Ironicamente, domingo passado houve um caso parecido na ex-rua de Marreco aqui em Ponta Negra. A própria polícia deu muito no meliante, que no final foi levado preso. Meu comentário ao saber foi: “Fico muito feliz quando a população faz justiça com as próprias mãos. (...) Queria muito que os moradores dessem a ele um par de sapatos de cimento e ele fosse encontrado no fundo da lagoa de captação com as mãos decepadas, pra todos os marginais desta cidade pensarem duas vezes antes de cometer algum crime”. É claro que o meu grupo ficou contra o linchamento.

Se tivesse pelo menos um estudante de direito ou concurseiro ali, o debate teria sido bem diferente. Éramos como mulheres discutindo o campeonato brasileiro da série B de 1996. Até que foi fácil argumentar a favor de que fosse seguida a lei. No outro grupo, só o gordo falava como um bruto impulsivo (característica citada por ele na apresentação). Após 10 minutos de discussão, nosso grupo cada vez mais empolgado e botando pra rear, a psicóloga pára e inverte os papéis. Caralho.

A galera evitava se contradizer. O gordo pegue enrolar. Descobri que é muito difícil defender racionalmente o linchamento. Fiquei mais quieto nessa segunda parte, ironicamente.

Depois fizemos uma redação sobre o que mudaríamos em nós mesmos. 20 linhas, das quais enrolei umas 8. E pronto, 11h40 acabamos tudo. Foram 3h até rápidas, e nem saí tão zonzo. Torcer pra dar tudo certo.

Entre os aprendizados, o de que se você escolhe aleatoriamente um aprovado em engenharia de petróleo na Petrobras, tem muita chance que seja nerd e/ou tímido. Ali se um for reprovado, todos os outros serão.

Morrendo com o gás do Coringa

Via @mauformiga

Manequim com Guilherme Briggs

SOLTO.

Fenrir

Um Tal de Elton John – Gregório Pinheiro

Um tal de Elton John 18/01/2009

Uma força estranha me impulsionou a começar a escrever nesse exato momento. É sábado, 22:42, pelo relógio do computador. O que eu gostaria mesmo era que essa força não fosse grande suficiente para que eu saísse da minha cama, ligasse o computador do meu quarto e iniciasse a escrever há um minuto atrás. Mas já entendo bem esse fenômeno... Sei que se permanecesse na cama, colocando fé na minha vontade de pegar num sono profundo e acordar no domingo, acabaria insone, por muitas horas, de olhos cerrados à espreita de uma faísca de inconsciência. Por isso estou aqui. E por estar aqui, noto que a dor que sinto pulsando por trás de meu olho direito (uma enxaqueca ordinária) só irá piorar com a luminosidade do monitor. Espero que, nos próximos parágrafos, um texto enfadonho possa esgotar as energias dessa força que não sei de onde se origina.

 

Há segundos, eu estava assistindo ao show de Elton John na TV Globo. A minha televisão está ligada nas minhas costas, em frente a minha cama, no mesmo canal, porém a transmissão deu uma interrupção para o intervalo comercial. Estou feliz com isso pois não estou ouvindo aquele cantor inglês nem estou assistindo aos comerciais (ver TV e acertar as teclas do computador ao mesmo tempo não é algo que faço com naturalidade) . Foi só falar na criatura... O cantor voltou. O culpado de minha noite perdida. O velho esquisito...

Um pensamento fixo de falar mal de Elton John bombardeou minha cabeça e esta não foi capaz de defender-se, eliminar a obsessão (como faz com a idéia de roer unha ou de pular da varanda do 12º andar) e impor sua ordem: desconectar a aparelhagem e iniciar um sono maravilhoso. Mas não, não... Sou muito tolo. Nem aquilo que pensa por mim consegue controlar o que pensa. Está pensando o que, hein?

Esse tal de Elton John é muito ruim mesmo. Deve ter sido a mãe dele que disse àquele pré-adolescente rebelde que tinha talento para ser compositor (as mães são um problema...) . E quem essa multidão, a qual comparece ao show dele nesse exato momento, imagina que esse senhor de blazer enfeitado é? Aposto que a maioria o conhece: “É o carinha que tocou no enterro de uma princesa lá no estrangeiro. Enterro chique. Até aquela rainha velhinha compareceu. Qual o nome dela mesmo? É o mesmo da filha de tia Nena” ou “Foi ele que casou com outro homem há um tempo atrás. Casamento chique”. Quanto às músicas? Vai por mim, não precisa escutar.

Não posso dizer que sou um expert em música, mas sei identificar uma boa canção; que sou um compositor, mas dou a muitos esse título sem muita cerimônia. Desse João inglês, eu aceito devolução já que suas músicas são ruins, suas letras, estranhas ( a legenda da Globo socorreu meu inglês manco) e um cão latindo? Engano meu. Era o próprio cantando.

Acho que poderíamos aproveitar essa crise econômica global para aprendermos a importar apenas o essencial. Coca-Cola, Big Mac e Obama. Com certeza, música não estaria na lista. No Brasil, não precisamos de mais canções ou músicos. Concentramos nessa pátria amada a melhor e a pior música do mundo. Certamente, não temos muitos brasileiros chamados de Elton John, entretanto não é difícil encontrar garotos andando nus denominados John Lennon na pia. Os brasileiros são verdadeiramente muito inovadores. Não me assustarei quando tiver de chamar alguém de Latino e algum conhecido em comum avisar que isto não é apelido.

Acabo de me virar um pouco para ver Elton na tevê. Ele está cantando outra música: “o que posso fazer para você me amar?” Se fosse realmente para respondê-lo:

“Primeiro, Seu Elton, não namoro a homens, com todo respeito. Com todo respeito, sem chances. Segundo, quer um conselho? Escute um pouco de Chico Buarque para ver se desperta alguma inspiração. Se Chico não funcionar, com todo respeito, entre com pedido de aposentadoria” . Agora sinto fome. A noite vai ser longa.

Gregório Pinheiro

Office 2010: The Movie

Quero ver Usain Bolt ser mais rápido

Mais um troca dos Improváveis

Hakuna Matata

Tarantino’s Mind

Minha cabeça explodiu.

Aprendi muito com o Nerdcast #183

Acidentes acontecem

O consolador

Nerds são melhores em tudo, até no sexo

Segundo uma pesquisa feita pelo site PS3PriceCompare (sabe Deus porque esse site ía fazer uma pesquisa dessas), os profissionais da área de TI são mais preocupados em satisfazer seus parceiros. E que, surpeendentemente, tem uma vida sexual mais intensa.

Veja a matéria no site SourceWire

 
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