segunda-feira, 6 de julho de 2009

Felipe Neto, Dolph Lundgren e o diploma

Pois Bem

Dolph Lundgren só pode ser maluco. O sujeito foi aluno do Real Instituto de Tecnologia de Estocolmo, é faixa preta 3º Dan de karatê kyokushin, fala fluentemente sueco, inglês, espanhol, alemão, francês (além de ter noções de japonês e italiano), tem mestrado em engenharia química pela Universidade de Sydney, saiu da Suécia (sim, Suécia das louras ninfomaníacas bissexuais a rodo) com uma bolsa de estudos para o MIT mas larga tudo para ser ator. E fazer filmes como esse:

Cena do filme  Direct Action, com Dolph Lundgren

Com excessão do boxeador mudo Ivan Drago em Rocky IV (1985), do He-Man no clássico Mestres do Universo (1987), e do Sgtº Anderw Scott em Soldado Universal (1992), a carreira cinematográfica de Dolph Lundgren se resume a atuar no papel do maior clichê do cinema americano: o herói fodão bom de briga que salva todos no final.

São personagens que reúnem todas as coisinhas já exaustivamente exploradas no cinema blockbuster. A olhadinha para trás antes da explosão, a queda-de-braço para ver quem consegue enfiar a faca no outro, “rir na cara do perigo”, ir sozinho atrás de terroristas armados até os dentes e outras coisas suuuuuper manjadas. Tudo isso somado a uma péssima atuação (até mesmo para os padrões filmes de ação). E fez sucesso.

O Felipe Neto é o Dolph Lundgren da blogosfera brasileira. Além de achar que a Jamaica é na África, os textos dele são generalistas e mais clichê do que a dúvida entre cortar o fio vermelho ou o azul da bomba. Mesmo assim, ele se diz dono de um forte senso crítico e tem a pretensão de sugerir “mundanças comportamentais” usando seu blog, o Controle Remoto. Ele tem 15 mil leitores por dia, como vocês podem ver aqui. Assim como Dolph Lundgren, Felipe Neto faz sucesso.

Que fique claro que a existência do Dolph Lundgren como ator e do Felipe Neto como blogueiro não são coisas necessariamente ruins ou viciosas para o cinema e para a blogosfera, respectivamente. Por mais que Invasão Súbita (2003) seja o campeão de locações, Festim Diabólico (1948) de Alfred Hitchcock sempre vai ser uma obra-prima, uma referência.

A mesma coisa com os blogs. Por mais que o Felipe Neto escreva porcamente sobre vaidade masculina achando que está sendo muito inovador e discorra com raivinha sobre o fato mais que óbvio de o Brasil não estar preparado para a copa de 2014, um texto como esse do Idelber Avelar sempre vai ser mais relevante. Sempre.

Dolph Lundgren e  Felipe Neto atendem (e com muita competência) uma demanda bem definida: o público ignorante. Gente que acha Missionary Man o melhor filme do mundo só porque passou no Tela Quente e aplaude  pseudo-análises superficiais porque não conseguem pensar além daquilo. É o ganha-pão dos dois e eles o desempenham bem, disso não posso discordar.

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“E o que o diploma de jornalismo tem a ver com isso?”

Como já disse, a existência do Felipe Neto como blogueiro não me incomoda, mas como formador de opinião me preocupa. E muito. Não por culpa dele, mas sim por causa do público. O público que em geral aceita qualquer coisa e tem sua opinião formada sem se questionar, sem procurar outras referências. O público que está sucetível a QUALQUER COISA que lhes seja dita como verdade.

A não obrigatoriedade do diploma abre a porta para muitos Felipes Netos entrarem nas redações de jornais e revistas (não que isso já não acontecesse antes, ou vocês acham que Diogo Mainardi é formado?).

Muitos Felipes Netos que não precisam ser jornalistas e que agora podem conseguir uma vaga por meio de critérios obscuros para “formar opinião” em um grande veículo, que por sua vez tem seus interesses, if you know what I mean

E o Dolph Lundgren?“, você me pergunta. Bom, ele também não precisa de diploma para atuar. A diferença é que o compromisso dele é artístico. Já o compromisso do comunicador tem que ser ético.

Isso leva a discussão para oooooutro nível, bem mais alto do que a bobagem de reserva de mercado que os ingênuos estudantes de jornalismo e os formados, sindicalizados e com DRT estão falando tanto. Esses aí, esses sim, vão precisar do diploma. E de muito mais. Não sabem de nada

***

E o Control+JR estará de camarote vendo a guerra, vamos acompanhar.

1 comentários:

Fábio Buchecha disse...

Então camarada, tudo bem que você colocou o link lá no começo e tudo, mas colar meu texto inteiro aqui não é algo que eu ache muito bacana.

Não me incomo de ter partes do meu texto citadas, mas o texto inteiro (mesmo com o link no começo) é algo meio chato.

Vi que você não fez por mal, então tá tudo certo, mas da p´roxima vez (se houver) ao menos me pergunta se eu permito ok?

 
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