quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Mossoró, a Varginha Potiguar

O ovo de ET Mossoroense



Eles estão chegando! E são espertos, esses danados. Resolveram invadir nosso planeta via Mossoró. Eu sabia! Eu sabia! Bem que me disseram essa prosperidade toda, esse desenvolvimento experimentado na capital do oeste estava repercutindo lá fora. Eu só não esperava que as notícias estivessem indo pra tão lá fora assim. A coisa toda parece aquela história do HG Wells, que Orson Welles leu na rádio, a “Guerra dos Mundos”. Só que, em vez de uma rádio, eles resolveram anunciar a invasão pelos jornais. Sabe como é, né? Público mais qualificado, formadores de opinião. Eles não vão investir uma grana na invasão e viajar anos-luz pra fazer trabalho de amador.
O jornal “O Mossoroense” da última quinta-feira noticiou a queda em Mossoró de um “ovo de ET” e agora não se fala em outra coisa na cidade. Todos os setores da sociedade mossoroense têm se manifestado a respeito do insólito e cósmico acontecimento. O descobridor do objeto, um poeta local, tem recusado propostas milionárias de excêntricos empresários do petróleo de olho no artefato espacial.
Desde o episódio envolvendo Lampião há mais de 80 anos que uma possível invasão não gera tanto reboliço na cidade. Os cidadãos já se movimentam para organizar a resistência. Solicitam aos governos de todas as esferas, a instalação de artilharia anti-aérea em pontos estratégicos como a capela de São Vicente e o terraço da Estação das Artes Elizeu Ventania. Comenta-se na cidade que a Petrobras poderá contribuir, financiando as armas e a munição.
Alguns empreendedores rurais pensam em chocar o ovo e iniciar uma nova cadeia produtiva com a criação de ETs em cativeiro e a importação da carne para todo o Brasil, exterior e até mesmo outros planetas. A carne e os ovos da aliencultura têm potencial para gerar mais dividendos para cidade que a caprinovinocultura, apicultura e fruticultura juntas.
E por falar em cultura, a Fundação Municipal já idealiza o “Auto do ET”, que vai narrar a história de luta de um povo contra a tirania extraterrena que tentou se impor frente à terra da liberdade. O espetáculo trará a atriz Tony Silva no papel da líder da resistência, terá texto de Tarcísio Gurgel e a música de Danilo Guanais será inspirada em “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”. A direção deverá ser de Steven Spielberg (ET) ou do M. Night Shyamalan (Sinais).
A Prefeitura afirmou que o “Auto do ET” vai atrair turistas, gerando divisas para a cidade, aquecendo o setor turístico de Mossoró, movimentando a economia e criando emprego e renda para os mossoroenses. Os comerciantes e gerentes de hotéis estão muito entusiasmados com o novo evento.
Algumas entidades defensoras de direitos civis também têm se manifestado a respeito do “ovoni”, ops!, quer dizer OVNI. Os órgãos defendem que, se o ovo for chocado em Mossoró, o ET será tecnicamente um cidadão mossoroense e não um extra-terrestre, gozando portanto dos plenos direitos conferidos a um cidadão brasileiro.
Façamos então uma projeção do que pode acontecer. Digamos que o ET, ou melhor, o não-ET tenha o seu ovo chocado e se adapte perfeitamente ao clima do semi-árido, muito parecido com o encontrado em seu desértico planeta. Ele cresceria rápido graças às propriedades catalisadoras do desenvolvimento que as águas termais teriam sobre o seu organismo, fazendo com que em poucos meses, ele atingisse a aparência de um adulto. Ele aprenderia a falar português e convocaria uma entrevista coletiva, provocando grande expectativa junto à população.
Na data marcada, a imprensa toda reunida, autoridades presentes, a governadora viria de Natal e os rumores de que o presidente poderia baixar na cidade a qualquer momento não paravam. Inclusive, a presença do presidente seria importante caso o ser espacial exigisse como nos filmes: “Levem-me ao seu líder”. Alguns produtores de Holywood se fariam presentes para viabilizar a produção de um filme do “Arquivo X” todo produzido em Mossoró. Inclusive, Moacy de Goes poderia ser o diretor e certamente escolheria o Padre Marcelo Rossi para interpretar o ET.
O Teatro municipal seria pequeno para tanta gente, todos dispostos a ouvir o que o ilustre filho da terra de origem galáctica teria a dizer. Ele então, subiria ao palco, contemplaria a multidão silente e ansiosa e faria uma revelação bombástica: “Meu nome é Sxjrkrtdstbtkrt Rosado.”
Porque têm coisas que só acontecem no País de Mossoró.

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